sexta-feira, 30 de maio de 2025

Cuidados com Bezerros: Guia Essencial do Nascimento ao Desmame

Cuidados com Bezerros: Guia Essencial do Nascimento ao Desmame (Colostragem, Umbigo, Diarreia)

Cuidados com Bezerros: Guia Essencial do Nascimento ao Desmame (Colostragem, Umbigo, Diarreia)

Bezerro recém-nascido sendo cuidado em um pasto.
Imagem: Cuidado com Bezerros

Os primeiros meses de vida de um bezerro são cruciais para seu desenvolvimento saudável e para o futuro produtivo do rebanho. Desde o momento do nascimento até o desmame, uma série de cuidados específicos são necessários para garantir que o animal cresça forte, resistente a doenças e atinja seu pleno potencial genético. Negligenciar etapas como a correta colostragem, a cura do umbigo e a prevenção de diarreias pode resultar em perdas significativas para o produtor.

Este guia completo aborda os principais cuidados com bezerros, focando nas práticas essenciais que todo pecuarista deve conhecer e aplicar. Entender a importância de cada etapa é fundamental para reduzir a mortalidade, melhorar o ganho de peso e assegurar um manejo ético e responsável dos animais na fazenda.


1. A Importância Vital dos Cuidados Iniciais com Bezerros

Os cuidados com bezerros recém-nascidos representam um dos pilares para o sucesso na pecuária, seja ela de corte ou de leite. Um bezerro que recebe atenção adequada nas primeiras horas e dias de vida tem maiores chances de sobreviver, apresentar bom desenvolvimento ponderal e se tornar um adulto produtivo. Falhas nesse manejo inicial podem levar a altas taxas de morbidade e mortalidade, comprometendo a rentabilidade da fazenda. Investir em conhecimento e boas práticas de manejo neonatal é, portanto, essencial para um rebanho saudável e produtivo.


2. Cuidados Imediatos Após o Nascimento

O momento do parto e as primeiras horas de vida são determinantes.

2.1. Ambiente do Parto e Primeiras Horas

Idealmente, o parto deve ocorrer em um piquete maternidade limpo, seco e tranquilo, longe de outros animais e de possíveis fontes de contaminação. Após o nascimento, é importante observar se o bezerro está respirando normalmente. Caso necessário, limpe as narinas e a boca para remover muco e líquidos amnióticos. Permita que a vaca lamba a cria, pois isso estimula a respiração, a circulação e fortalece o vínculo mãe-filho.

2.2. Colostragem: O Ouro Líquido para o Bezerro

A colostragem é, sem dúvida, o cuidado mais crítico para a sobrevivência e saúde do bezerro. O colostro é o primeiro leite produzido pela vaca e é rico em anticorpos (imunoglobulinas), vitaminas e nutrientes essenciais. Os bezerros nascem com um sistema imunológico imaturo, e a ingestão de colostro de boa qualidade nas primeiras 6 horas de vida (idealmente nas primeiras 2-4 horas) é fundamental para a transferência de imunidade passiva.

  • Qualidade e Quantidade: O ideal é que o bezerro mame diretamente na mãe. Caso não seja possível, ou se a qualidade do colostro for duvidosa, utilize um banco de colostro. A quantidade recomendada é de 10% a 15% do peso vivo do bezerro nas primeiras 12-24 horas (ex: um bezerro de 40kg deve ingerir de 4 a 6 litros de colostro).
  • Avaliação do Colostro: A qualidade pode ser avaliada com um colostrômetro.
  • Armazenamento: O colostro excedente de boa qualidade pode ser congelado para uso futuro.

Uma boa nutrição da vaca no pré-parto também influencia diretamente a qualidade do colostro.


3. Cura Correta do Umbigo: Prevenindo Infecções Graves

O umbigo é uma porta de entrada para microrganismos que podem causar infecções locais (onfalites) ou sistêmicas (poliartrite, meningite, septicemia), frequentemente agrupadas como doenças de bezerros. A cura do umbigo deve ser feita o mais rápido possível após o nascimento e repetida por 3 a 5 dias consecutivos, ou até que o coto umbilical esteja seco.

  • Procedimento: Imergir o coto umbilical em uma solução de iodo a 5-7% ou outro desinfetante recomendado pelo veterinário. Certifique-se de que toda a estrutura do umbigo entre em contato com a solução.
  • Importância: Um umbigo mal curado pode levar a infecções que comprometem o desenvolvimento do animal e podem até levar à morte.

4. Prevenção e Controle da Diarreia Neonatal em Bezerros

A diarreia neonatal é uma das principais causas de mortalidade em bezerros. Ela é multifatorial, envolvendo agentes infecciosos (vírus, bactérias, protozoários), fatores ambientais e de manejo.

4.1. Principais Causas e Sintomas

Os agentes mais comuns incluem Rotavírus, Coronavírus, Escherichia coli (E. coli) e Cryptosporidium parvum. Os sintomas variam, mas geralmente incluem fezes aquosas ou pastosas de coloração alterada (amarelada, esverdeada, com sangue), desidratação, fraqueza, perda de apetite e depressão.

4.2. Estratégias de Prevenção

  • Colostragem Adequada: Garante a primeira linha de defesa.
  • Higiene do Ambiente: Piquetes maternidade e instalações dos bezerros devem ser limpos e secos. Evitar superlotação.
  • Vacinação das Vacas: Vacinas contra os principais agentes causadores de diarreia podem ser aplicadas nas vacas no pré-parto para aumentar a concentração de anticorpos no colostro.
  • Nutrição Adequada da Mãe e do Bezerro: Fêmeas bem nutridas produzem colostro de melhor qualidade e bezerros bem alimentados são mais resistentes.
  • Manejo "Todos Dentro, Todos Fora": Em sistemas de criação mais intensivos, limpar e desinfetar as instalações entre lotes de bezerros.
  • Tratamento Rápido: Ao primeiro sinal de diarreia, isolar o animal e iniciar a hidratação oral. Casos graves exigem intervenção veterinária para fluidoterapia intravenosa e possível uso de antibióticos, se houver infecção bacteriana secundária. O foco deve ser sempre a prevenção, conforme detalhado em guias sobre doenças em bovinos.

5. Outras Doenças Comuns e Pontos de Atenção

Além da diarreia e onfalite, bezerros são susceptíveis a outras condições:

  • Pneumonias: Frequentes em ambientes mal ventilados, úmidos, frios ou com superlotação. A prevenção passa por boas instalações e manejo.
  • Tristeza Parasitária Bovina (TPB): Transmitida por carrapatos, pode afetar bezerros, especialmente em áreas de alta infestação. Controle estratégico de parasitas é fundamental.
  • Deficiências Minerais: Selênio, cobre, entre outros, podem ser deficientes dependendo da região e da dieta da mãe. Suplementação pode ser necessária.

Um bom plano sanitário para o rebanho, elaborado com auxílio de um veterinário, é crucial.


6. Manejo Geral e Bem-Estar do Bezerro até o Desmame

6.1. Aleitamento, Identificação e Alojamento

Após a fase de colostragem, o bezerro continuará em aleitamento, seja natural (ao pé da vaca) ou artificial (com sucedâneos lácteos). A identificação (brincos, tatuagens) é importante para o controle zootécnico e gerenciamento do rebanho. O alojamento deve ser limpo, seco, bem ventilado, protegido de extremos climáticos e, se coletivo, com densidade adequada para evitar estresse e disseminação de doenças. O bem-estar animal deve ser uma prioridade em todas as fases.

6.2. Monitoramento da Saúde e Sinais de Alerta

Observe os bezerros diariamente. Sinais como apatia, isolamento, pelos arrepiados, corrimento nasal ou ocular, tosse, respiração ofegante, umbigo inchado ou com pus, e alterações nas fezes são indicativos de que algo não vai bem. A detecção precoce de problemas aumenta as chances de sucesso no tratamento.


7. Preparação para o Desmame: Transição Gradual

O desmame é um período estressante para o bezerro. A introdução gradual de alimentos sólidos (ração concentrada de boa qualidade e volumoso) desde as primeiras semanas de vida (creep-feeding) ajuda o rúmen a se desenvolver e facilita a transição. O desmame deve ser feito de forma menos abrupta possível, considerando o peso e a idade do animal, e não apenas a idade cronológica. Um bom manejo de pastagens e oferta de forragem de qualidade são essenciais após o desmame.


Conclusão: Bezerros Saudáveis, Rebanho Forte

Os cuidados com bezerros do nascimento ao desmame são um investimento direto na produtividade e lucratividade da fazenda. A atenção à colostragem, cura do umbigo, prevenção de diarreias e demais manejos sanitários e de bem-estar são fundamentais para formar animais sadios e produtivos. Lembre-se que um bom começo é meio caminho andado para o sucesso na pecuária. Conte com o ContaGados para mais informações e dicas para sua produção.

Principais Dúvidas (FAQ)

Qual a quantidade ideal de colostro para um bezerro e quando oferecer?

Recomenda-se oferecer de 10% a 15% do peso vivo do bezerro em colostro de boa qualidade. Por exemplo, um bezerro de 40 kg deve ingerir de 4 a 6 litros. Essa quantidade deve ser fornecida preferencialmente nas primeiras 2 a 4 horas de vida, e o total dividido em duas mamadas dentro das primeiras 12 horas.

Com que frequência devo curar o umbigo do bezerro e qual produto usar?

A cura do umbigo deve ser feita o mais rápido possível após o nascimento, submergindo o coto umbilical em solução de iodo a 5-7% (ou outro desinfetante indicado por veterinário). Repita o procedimento uma a duas vezes ao dia, por 3 a 5 dias, ou até o umbigo estar completamente seco.

O que fazer se um bezerro apresentar diarreia?

Ao primeiro sinal de diarreia, isole o bezerro para evitar a contaminação de outros. Inicie imediatamente a hidratação oral com soluções eletrolíticas apropriadas. Observe a evolução; se não houver melhora em 24 horas, ou se o animal apresentar desidratação severa, prostração ou febre, procure imediatamente um médico veterinário. Não medique com antibióticos sem orientação profissional, pois muitas diarreias são virais ou por protozoários.

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