sexta-feira, 11 de abril de 2025

Mercado Halal e Queda no Consumo Moldam a Pecuária

Pecuária Responsiva

Mercado Halal e Queda no Consumo Moldam a Pecuária


Feira de produtos Halal

Nos últimos anos, a pecuária brasileira tem se visto no centro de transformações complexas. A demanda por carne Halal, vinda de países muçulmanos, cresce de forma consistente, abrindo oportunidades valiosas para exportadores. Ao mesmo tempo, o consumo interno de carne bovina apresenta quedas históricas, fruto de fatores econômicos, culturais e ambientais.
Este cenário paradoxal exige atenção redobrada dos pecuaristas: entender o comportamento do mercado, adaptar-se às novas exigências e investir em diferenciação são atitudes cada vez mais essenciais.


🧭 Sumário

  1. 🌍 A expansão do mercado Halal

  2. 🍽️ Por que os brasileiros estão comendo menos carne?

  3. ⚖️ O equilíbrio entre exportação e consumo interno

  4. 📌 Como entrar no mercado Halal

  5. 💰 Rentabilidade e lucratividade na produção Halal

  6. 📊 Estratégias para o pecuarista em 2025

  7. ✅ Conclusão

  8. 🔎 Fontes e leituras recomendadas



🌍 A expansão do mercado Halal

A carne Halal segue normas específicas da religião islâmica, que incluem o método de abate, o bem-estar animal e até a ausência de contaminação cruzada com produtos proibidos. A boa notícia: o Brasil é líder nesse segmento, com reconhecimento internacional pela qualidade da carne e confiabilidade nas certificações.

🌐 Principais destinos da carne Halal brasileira:

  • Indonésia

  • Emirados Árabes Unidos

  • Egito

  • Arábia Saudita

  • Malásia

De acordo com a ABIEC, os frigoríficos certificados Halal têm conseguido valores superiores por tonelada exportada. O apelo religioso, somado à exigência por qualidade, valoriza o produto e mantém a carne brasileira competitiva, mesmo com o dólar mais estável.

🧾 Certificações exigidas:

  • Certificação Halal emitida por organismos autorizados

  • Controle de rastreabilidade

  • Cumprimento rigoroso de normas sanitárias e ambientais


🍽️ Por que os brasileiros estão comendo menos carne?

Enquanto o Brasil conquista novos mercados externos, o consumo interno de carne bovina continua em queda. Em 2024, o brasileiro consumiu em média 23,5 kg de carne bovina por ano — o menor nível desde os anos 1990, segundo o IBGE.

🧮 Fatores que explicam esse fenômeno:

1. Inflação alimentar

Apesar da desaceleração da inflação em alguns setores, o preço da carne continua alto. Com o poder de compra pressionado, muitas famílias substituem a carne bovina por proteínas mais baratas como frango, ovos e até alimentos ultraprocessados.

2. Mudanças de hábito

Dietas vegetarianas, veganas e flexitarianas estão em crescimento, sobretudo entre os jovens e nos centros urbanos.

3. Preocupações ambientais e éticas

A pecuária é frequentemente associada a emissões de gases de efeito estufa e ao desmatamento. Mesmo que parte disso seja uma generalização, a percepção pública afeta o comportamento do consumidor.


⚖️ O equilíbrio entre exportação e consumo interno

Esse "descompasso" entre crescimento internacional e retração doméstica traz desafios, mas também oportunidades. O Brasil vive uma fase de dupla estratégia pecuária:

➕ De um lado:

Fortalecimento das exportações, especialmente para mercados de nicho como o Halal, onde a exigência é alta, mas a margem de lucro também.

➖ De outro:

Necessidade de reconquistar o mercado interno, que exige adaptações — seja por preço, formato de apresentação ou apelo ambiental/social.


📌 Como entrar no mercado Halal

Ingressar no mercado Halal exige planejamento e atenção a protocolos específicos. A boa notícia é que cada vez mais frigoríficos no Brasil estão operando sob regime Halal, o que facilita a entrada dos pecuaristas na cadeia.

🛠️ Passo a passo básico:

  1. Identifique compradores e frigoríficos Halal em sua região. Eles buscarão animais dentro de certos padrões sanitários e produtivos.

  2. Adapte sua produção: o bem-estar animal é critério obrigatório, assim como práticas sanitárias rígidas.

  3. Busque orientação com entidades certificadoras Halal: elas farão visitas, vistorias e treinamentos se necessário.

  4. Tenha rastreabilidade e documentação em dia: CPF do animal, localização, alimentação, histórico vacinal etc.

  5. Crie relacionamento com a indústria: muitos frigoríficos organizam compras programadas ou contratos de fornecimento.

🔗 Dica útil:

Consulte entidades como a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e a própria ABIEC para orientação e conexão com compradores.


💰 Rentabilidade e lucratividade na produção Halal

A rentabilidade na cadeia Halal costuma ser superior à média do mercado, mas exige investimentos em qualidade e padrão produtivo. A valorização do produto ocorre por:

  • Prêmio por animal: frigoríficos pagam até 5% a mais por lotes destinados à exportação Halal.

  • Demanda constante: países muçulmanos compram durante o ano todo, com picos em períodos religiosos como o Ramadã.

  • Menor sensibilidade ao mercado interno: os preços não oscilam tanto quanto no mercado doméstico.

📈 Como maximizar a lucratividade:

  • Aposte em acabamento de carcaça uniforme e padronização do lote.

  • Mantenha sanidade rigorosa: abscessos, parasitas e problemas locomotores reduzem o valor do animal.

  • Evite perdas pós-abate com manejo inadequado no transporte.

  • Negocie contratos diretos com frigoríficos para garantir previsibilidade de receita.


📊 Estratégias para o pecuarista em 2025

Para lidar com esse cenário duplo e dinâmico, o produtor rural precisa tomar decisões cada vez mais estratégicas:

  1. Invista em certificações Halal

  2. Aposte na rastreabilidade digital

  3. Monitore tendências de consumo

  4. Diversifique produtos e canais


✅ Conclusão

A pecuária brasileira está em uma encruzilhada — e isso não é necessariamente ruim. A diminuição no consumo interno exige adaptações rápidas, mas também abre espaço para inovação. Já o fortalecimento do mercado Halal mostra como o Brasil pode ser líder global em nichos rentáveis e sustentáveis.

Produtores que estiverem atentos às novas exigências, investirem em qualidade, diferenciação e gestão de marca estarão mais preparados para um futuro em que vender carne não será apenas uma questão de peso e preço, mas também de valor percebido.


🔎 Fontes e leituras recomendadas

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